A MULHER E SUA IMPORTANCIA NO REINO DE DEUS
A escola do rabino Hillel, considerava a mulher uma mera propriedade do homem. O fariseu do 1º Século costumava fazer uma oração agradecendo a Deus por não ter nascido “... gentil, escravo nem mulher”. Todavia, pela atitude de Jesus com as mulheres, notamos a importância delas e seu papel relevante no ministério cristão.
1 E aconteceu, depois disto, que andava de cidade em cidade, e de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o evangelho do reino de Deus; e os doze iam com ele, 2 E algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual saíram sete demônios; 3 E Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, e Suzana, e muitas outras que o serviam com seus bens. Lucas 8.1-3 (ARA – Almeida Revista e Atualizada).
Para que possamos entender melhor a importância que Cristo deu a mulher, tanto na sociedade quanto no Reino de Deus, precisamos considerar alguns aspectos hostis da sociedade do primeiro século em relação a elas.
I) CONTEXTO SOCIAL CONTRÁRIO, E RESTRIÇÕES IMPOSTAS ÀS MULHERES
a) Sociedade patriarcal
· Nessa sociedade os pais preferiam filhos mais a filhas; atitude que refletia no baixo valor atribuído a mulher.
· A escola (filosófica) do rabino Hillel, por erros de interpretação de Êxodo 20.17, considerava a mulher uma mera propriedade do homem. O farisaísmo pautava sua conduta social, em boa parte dos ensinamentos de Hillel (Hillel>Gamaliel>Paulo).
O fariseu do 1º Século costumava fazer uma oração agradecendo a Deus por não ter nascido “... gentil, escravo nem mulher”.
b) Restrições impostas às mulheres
· Tais restrições dizia respeito a atuação da mulher em suas atividades, atuação social, e, valor pessoal.
Esterilidade - Se uma mulher não tivesse filhos, logo se supunha que o problema estava restrito a ela, e era um sinal que Deus não se agradava dela.
Valor monetário - O valor atribuído a vida de uma mulher equivalia à metade do atribuído ao homem (Lv 27.1-8).
Hoje não é muito diferente, nossa sociedade não é patriarcal, mas, marxista. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) 2014 mulheres com a mesma qualificação de homens ainda ganham menos que eles, na mesma função.
Pesquisa em 75 países constatou que 90% da população mundial tem algum preconceito contra a mulher.
No Brasil a pesquisa foi realizada entre 2005-2009 e 2010-2014 com resultado 87,98% de preconceito.
Em 2020 quando a pesquisa foi revelada pela ONU a porcentagem já chegava a 89,5% de preconceito:
Político, Econômico, Educacional, Violência, Direitos Reprodutivos.
A pesquisa, revelou, também, que:
· Dentre 10 pessoas 3 acreditavam que o homem tem o direto de bater na mulher.
· 4 em cada 10 pessoas consideravam que os homens exercem melhor cargo de chefia em empresas.
· 5 em cada 10 consideravam que os homens melhores líderes políticos.
Fonte: PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO - ONU
Bens - Só homens podiam ser donos de alguma propriedade; uma mulher só podia herdar bens de seus pais somente no caso de não haver filhos.
Peso da palavra - Se uma mulher fizesse uma promessa, só podia mantê-la se o marido concordasse (Nm 30.10 -12) a palavra da mulher não tinha peso.
Virgindade - A mulher tinha que ter prova de sua virgindade, o que para o homem era impossível (Dt 22.20,21).
c) Paulo e as mulheres
· Assim como Hillel interpretou erroneamente alguns textos sagrados, muitos hoje tem feito o mesmo com Paulo e seus escritos em relação à mulher.
Exp. 1ª aos Coríntios 14.33-36 (ler também 1ª Tm 2.11,12) é uma restrição cultural local, e não uma doutrina (Doutrina Bíblica tem que ter seguimento Bíblico). A desordem no culto era proveniente de mulheres que profetizavam. Paulo proibiu a desordem, e não a mulher de profetizar. (mulheres podiam profetizar e exortar, At. 2.17; 18.26; 21.9; 1ª Cor 11.5; Fp 4.3; 2ª Tm 1.5; 3.14,15; Tt. 2.3-5).
No mesmo contexto (1ª Tm 2.11,12) Paulo instruiu Timóteo (que também dirigiu a Igreja de Corinto) sobre o assunto. Porém, trouxe a proibição para o âmbito pessoal ao dizer no versículo 12 “...não permito”.
· Paulo na verdade defendeu que a mulher não era mero objeto, e que o marido deve agradar e amar a esposa, e não apenas está ao esposo (1ª Cor 7.1-7; Ef 5.25). De igual modo Pedro falou do convívio familiar com dignidade (1ª Pe 3.7).
· E, pelo fato de Paulo saudar, cerca de 10 mulheres em sua carta aos Romanos (Rm 16.1-16) fica evidente sua consideração pelo ministério feminino (Febe, Priscila, Maria, Trifena, Trifosa, Pérside, Irmã de Nereu, Mãe de Rufo, Júlia e Olimpas).
II) PLENITUDE DOS TEMPOS (Gálatas 4.3-7, 4) E O ASPECTO REVOLUCIONARIO DO MINISTERIO DE JESUS EM RELAÇÃO ÀS MULHERES
a) Plenitude dos tempos (Gr Kairós) momento de transição cultural, pois, tanto a cultura grega quanto a romana já estavam exercendo certa influência sobre a judaica.
· Contribuição dos gregos: Educação, liberdade de pensamento, monoteísmo> a maioria dos filósofos, afirmava que havia uma razão para que tudo viesse a existir; o termo logos no primeiro capítulo de João (Jo 1.1) é entendido também como a razão e origem de tudo.
· Contribuição dos romanos: Pax romana, facilidade de locomoção e educação.
Apesar de que gregos e romanos tinham posições diferentes em muitas coisas, pois, “Romanos matavam seus heróis, e os gregos endeusavam”; em ambas as culturas mulheres tinham certa posição proeminente.
O tempo exato (Kairós) que Deus manifestou seu filho ao mundo (nascido de mulher), foi também, o tempo em que Ele escolheu para valorizar a mulher.
b) Atitude de Cristo para com as mulheres
· Prostitutas aproximavam-se dele. Seu ministério era tão permeado de perdão, que as detestadas e maltratadas eram atraídas por ele.
· Permitia que mulheres o tocasse. Uma pecadora não apenas lavou seus pés, como também, os beijou (Lc 7.37,38). O que contrariou o padrão de conduta estabelecido naquela época.
· Entrou em casa de mulheres; (Lc 10.38) Marta.
· Conversava com mulheres em público; (Jo 4.1ss, Samaritana).
· Alguns rabis defendiam a tese que mulheres não podiam conversar com desconhecidos em público; outros, mais extremistas, eram de opinião que o homem não podia conversar com a própria esposa em público.
· Ensinou mulheres; havia uma ideia generalizada de que a mulher não era inteligente, alguns antigos achavam que ela não deveria ter o direito a educação, exceto relacionada às tarefas domésticas.
· Aceitou mulheres em seu grupo de seguidores. Em meio a mais de quinhentos discípulos havia mulheres fiéis servindo a Cristo. Jesus já quebrou paradigmas ao chamar discípulos fora da faixa etária costumeira para os rabinos judeus, aos oito anos de idade, depois 12 e por fim 30 anos, chamou homens formados tais como Pedro, João, e, como se não bastasse aceitou mulheres em seu ministério.
Pela atitude de Jesus com as mulheres, notamos a importância delas e seu papel relevante no ministério cristão (Lc 8.1-3). Entre várias mulheres que serviam o ministério de Jesus com seus bens, “Madalena” foi quem mais se destacou, sendo a primeira pessoa a ver o Senhor ressuscitada, antes mesmo do grupo dos doze.